O que o levou à carreira política?
Eu sempre atuei na política, nas mais diferentes formas. Aos 20 anos, chegado em Três Passos como professor, cinco meses depois eu fui o vereador mais votado. Aos 23 anos, fui candidato a prefeito. Se a campanha tivesse terminado uma semana antes, eu teria sido eleito. Voltando a Caxias do Sul, minha terra natal, depois de 20 anos, assumi a Coordenadoria da Educação e, tendo ido para a Universidade [de Caxias, a UCS], como funcionário, fui convidado a ser candidato a vice-prefeito. Não ganhamos a eleição. Enquanto eu estava como reitor da Universidade, não falei mais em política partidária, mas comunitária. Daí, foi um passo para o convite a ingressar no PSDB e a imediata candidatura a deputado estadual. Me elegi, fui o mais votado do partido e em seguida, para dar lugar aos mais jovens, aceitei ser candidato a deputado federal. Me elegi como o segundo mais votado (o falecido Júlio Redecker fez mais votos do que eu). Agora, estou indo à reeleição.
Como é fazer política de oposição ao governo Lula?
Neste atual governo é complicado. Este governo não é nada republicano. Ele trata os Estados da Federação com uma desigualdade enorme. Republicano é dar a todos igualmente. Além disso, é um governo mentiroso. Amordaçou e desqualificou, tornando o Legislativo um capacho do poder Executivo. Procura, através de atitudes, de medidas provisórias e de votações onde só se vota aquilo que o governo quer, desmoralizar o poder Legislativo. O ponto mais negativo que se pode ver é o decreto dos Direitos Humanos, envolvendo política fazendária, política econômica, estado de direito, mudanças que pretende fazer na própria Constituição, punindo agricultores, tudo dentro de um decreto arbitrário que, tenho certeza, o Legislativo não vai permitir que isso se transforme numa medida real. No momento em que houver um esclarecimento público, a própria sociedade há de reagir. A Igreja há de reagir. As Forças Armadas hão de reagir. E os partidos políticos da oposição (os demais foram cooptados pelo governo; vivem à sombra do Executivo) vão reagir.
O senhor é deputado do Parlamento do Mercosul. O que isso significa?
No Brasil, o Parlamento do Mercosul ainda não é conhecido, mas a Argentina, no Uruguai e o Paraguai dão uma importância muito grande. Foram convidados como observadores a Bolívia e a Venezuela. E agora, o Congresso Brasileiro autorizou o ingresso da Venezuela, contrariando aquilo que determina a formação do Bloco, de que só um país que defende a democracia plena pode fazer parte. E a Venezuela não pode ser considerada um país em que haja democracia plena.
A sede do Parlamento funciona em Montevidéu e existem alguns países, como o Paraguai, e que estará sendo seguido pela Argentina e pelo Uruguai, em que se dá uma votação direta, como se fosse votar para o Parlamento brasileiro, que elegem senadores e deputados (o Paraguai já elegeu). No Brasil, ainda por falta de entendimento e de especificar o número de representantes brasileiros no Mercosul, ainda não vai se processar a votação e por isto os deputados estão sendo indicados pelos partidos. Eu fui indicado pelo PSDB para representar o Brasil.
E o mandato vai até quando?
O mandato encerra no dia 1º de fevereiro de 2011.
O senhor é membro da Comissão Pró-Ponte do Rio Uruguai. O que existe de concreto nessa área?
Sou membro dessa Comissão para agilizar o protocolo existente entre o Brasil e a Argentina, para a construção de três pontes: em Itaqui, Porto Mauá e Porto Xavier. Mas aí, entraram Três Passos e Porto Soberbo e existe, portanto, uma dificuldade de definição sobre onde vai ser a primeira ponte. O decreto para a licitação sobre o estudo da primeira ponte está pronto, apenas não foi assinado, há quase quatro anos, quando eu era presidente da Comissão. Agora, como me dedico muito à infraestrutura do Rio Grande do Sul, estou trabalhando em uma outra ponte. Porque para os transportes hidroviário, ferroviário e rodoviário, não há nada previsto no PNV (Plano Nacional de Viação). Isto deveria ter sido feito há 20 anos, mas infelizmente não há nada. Meu trabalho é para incluir dois novos trechos ferroviários e vou trabalhar, agora, em dois novos trechos rodoviários. E sigo trabalhando na construção de uma ponte que é do interesse de Santa Catarina, Mato Grosso e Rio Grande do Sul, que é a RSC-363, que passe em Tenente Portela, que vai até o norte do Brasil. Mas para isto, temos que voltar a ser federal essa rodovia até Barra do Guarita e federalizar o trecho entre Itapiranga e São Miguel d’Oeste. Os estudos já estão sendo feitos. O nosso trabalho já foi comunicado ao governo do Rio Grande e a partir de fevereiro, vamos comunicar ao governo de Santa Catarina.
O senhor construiu sua vida profissional como professor. Como membro da Comissão de Educação e Cultura da Câmara Federal, o que tem sido feito para o setor?
Nós tivemos a aprovação do teto mínimo, que há uma discordância agora. O governo do Rio Grande do Sul discorda de terem sido incorporados penduricalhos naturais; quer que seja o básico apenas sobre o salário real. Mas isto foi uma grande conquista para o setor. Para este ano, nós vamos ter o Plano Nacional de Educação, onde serão convocados todos os professores para se pronunciar sobre o que querem para os próximos anos.
Também conseguimos para o Rio Grande do Sul dez escolas técnicas. Foi criada uma universidade federal que abrange no norte do Rio Grande, Santa Catarina e o sul do Paraná. Haverá uma sede em Frederico Westphalen e nas Missões. Também foram criadas outras faculdades para o Estado.
Também estamos estabelecendo uma política pedagógica mais consistente com a realidade. Não é mais possível que, com a mesma carga horária de 50 anos atrás, aonde a necessidade do domínio do conhecimento era um décimo do que é hoje, se queira que o aluno aprenda tudo o que se exige hoje. É preciso aumentar a carga horária dos currículos, aumentar os dias letivos, acabar com as greves do magistério e, acima de tudo, uma pedagogia voltada ao conhecimento. Nossas escolas, hoje, parece que estão dedicadas a uma pedagogia moderna de ensinar o supérfluo. Os professores fazem seu próprio currículo. Não há cobrança. Agora, o Ministério da Educação inventou o Enem, para nivelar por baixo. Acaba com o sistema de mérito que era introduzido no vestibular. Estas são algumas das propostas em que estamos trabalhando.
O senhor é contra o Fator Previdenciário, que estabelece o cálculo das aposentadorias. O que o senhor propõe?
O Fator Previdenciário é uma desgraça. Infelicita a grande maioria dos aposentados. Todos aqueles que estão aposentados acima do salário mínimo, a cada ano eles perdem uma parcela. Conforme sobe a expectativa de vida do Brasil, o cidadão aposentado vai perdendo. Explico: a expectativa de vida era de 63 anos, há dez anos atrás, e o desconto do Fator Previdenciário era um. Hoje, a expectativa de vida é de 73 anos, então, como o tempo de contribuição foi aquele e o que ele vai viver é maior entre quando ele se aposentou e sua morte, o desconto, que é o meu caso, o meu desconto é maior. Quem ganhava dez salários mínimos de aposentadoria, em dez anos está ganhando cinco. Ele tinha projetado a vida dele para ganhar dez salários mínimos Ele pagou por isto. O Fator Previdenciário é prejudicial. O que o governo está querendo é inventar fórmulas que podem ser alteradas no decorrer do tempo, por isto nós precisamos acabar com o Fator. O governo não quer e, se não quer, infelizmente não será votado porque só se vota aquilo que governo quer e os partidos políticos vendidos para o governo abaixam a cabeça e concordam. Inclusive partidos como o PT, que sempre defenderam os aposentados.
Seu trabalho em favor dos idosos é reconhecido. Como é sua proposta para a implantação de Centros Dia?
Como deputado estadual, eu apresentei uma lei baseada no que existe de mais moderno no mundo para o segmento dos idosos, que está previsto na Constituição Federal, que se chama Centro Dia, que eu chamo carinhosamente de “creche para o idoso”. Ninguém me convenceu até hoje que a palavra creche é só para crianças. O que é isso? O cidadão idoso vai de manhã para o centro, que pode ser público ou privado e lá ele tem a atenção que merece um cidadão naquela idade, e à noite, ele volta para a casa dos seus familiares.
Você não pode desresponsabilizar o familiar de cuidar de seu idoso porque isso favorece a se mandar para um asilo, que é uma espécie de abatedouro. A solidão do asilo, por mais cinco estrelas que seja, é uma solidão que mata porque está afastado de seus familiares. E não é com 65 anos que ele vai conseguir fazer amizades como a que ele tem com a família. É lamentável ver o que acontece. São verdadeiros depósitos que acontecem com nossos idosos.
E quando não acontece isto, fecham o idoso dentro do apartamento, na cidade grande, porque não podem deixá-lo sair. Têm medo que ele se perca na multidão. Muitas vezes fechados numa sala porque ele não pode ligar o fogão a gás. O segmento dos idosos é o mais desamparado que tem no Brasil. Nos países asiáticos, o idoso é o sábio. Na comunidade européia, é respeitado. No Brasil, se demite quando chega aos 65, 70 anos, como se já não prestasse mais para nada, pela falta de políticas públicas.
E no âmbito federal, como está a proposta do Centro Dia?
Está tramitando. Já teve parecer favorável, só que os Ministérios da Saúde e da Assistência Social pediram que eu encaminhasse a proposta para eles. A minha preocupação não é que o projeto seja meu. O que eu quero é que os Centros Dia sejam implantados. Porque não adianta ter um Estatuto do Idoso, se não existem políticas públicas. O que existe hoje, para o idoso? É na fila do banco. É ter preferência na entrada do avião. Mas quantos idosos vão ao banco? Quantos idosos andam de avião? Isto é política pública? Isso é apenas respeito e educação. O que eu mais vejo são restrições. Vai comprar uma casa própria, uma pessoa com 65 anos não consegue mais que cinco anos de prazo para o financiamento. Que adianta o Estatuto do Idoso?
Que avaliação o senhor faz do governo Yeda Crusius?
Um governo de realizações, que cumpriu aquilo que prometeu, que saneou as receitas e os recursos públicos do Estado. Aquela conversa que se tinha em todas as campanhas: “eu vou resolver o problema das finanças do Estado” acabou. Essa bandeira não existe mais porque a governadora Yeda resolveu. Um governo que recebeu as mais duras críticas da oposição, infundadas. Um governo que terá agora, neste último ano, a possibilidade de mostrar que houve um gerenciamento correto dos recursos do Estado. Creio que a governadora, quando tiver a sua nova candidatura ao governo, será competitiva.
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